Por: Diana Silva
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O microbioma intestinal humano tem sido alvo de intensa investigação científica pelo papel na manutenção da saúde e prevenção de diversas doenças.
“The gut microbiome is the most important scientific discovery for human healthcare in recent decades”
DR. James Kinross
O papel do microbioma intestinal tem sido alvo de grande investigação cientifica nos últimos anos. A ciência tem desvendado as suas funções fisiológicas importantes para a manutenção da saúde e prevenção de diversos tipos de doenças.
Microbiota e Microbioma Intestinal
A microbiota intestinal humana refere-se aos microrganismos incluindo bactérias, fungos, archae e vírus que habitam o trato gastrointestinal humano.
Esta comunidade dos microrganismos e os compostos por eles produzido, designa-se de microbioma.
O microbioma intestinal tem revelado ser fundamental à manutenção da saúde, pelas importantes funções que desempenha.
Em seguida desvendamos um pouco do que a microbiota e os seus subprodutos podem fazer pela sua saúde.
Microbioma Intestinal e Saúde
Extensos estudos têm sido realizados para revelar a importante relação entre a microbioma intestinal e os processos biológicos humanos básicos.
Sabemos que, entre outros, a microbioma humana está intimamente envolvida na extração de nutrientes, metabolismo e imunidade, impactando em importantes pilares da nossa saúde.
O microbioma intestinal tem sido inclusive considerado como um “órgão” do corpo humano.
Como o maior microecossistema do organismo, desempenha um papel essencial em processos fisiológicos indispensáveis estado de equilíbrio do organismo.
Nas últimas décadas, evidências cientificas crescentes sugerem fortemente um papel crucial do microbioma humano na saúde e na doença humana através de vários mecanismos.
O microbioma intestinal foi recentemente implicado em uma série de doenças crónicas que variam de doenças inflamatórias e metabólicas. O papel microbiano nos processos biológicos básicos e no desenvolvimento e progressão das principais doenças humanas, como doenças infecciosas, doenças hepáticas, alguns tipos de cancro, doenças metabólicas doenças respiratórias, doenças mentais e doenças autoimunes, está cada vez mais bem descrito na literatura científica.
O microbioma intestinal intervém na digestão dos alimentos, na produção de vitaminas, na função do sistema imunológico e até no equilíbrio hormonal.
Funções do Microbioma Intestinal
É crescente o número de funções atribuído ao microbioma intestinal, pois é uma área alvo de intensa investigação cientifica atualmente.
Digestão e produção de vitaminas
Primeiro, a microbiota tem o potencial de aumentar a extração de energia dos alimentos, envolvidos na aquisição de nutrientes.
A biossíntese de moléculas bioativas, como vitaminas, aminoácidos e lipídios, são altamente dependentes da microbiota intestinal. A microbiota intestinal demonstrou fornecer vitaminas ao hospedeiro, como folatos, vitamina K, biotina, riboflavina (B2) e cobalamina (B12).
Sistema imune
Um sistema imunológico saudável não só nos defende de doenças infeciosas, como previne de diversos distúrbios de saúde e doenças crónicas.
Em relação ao sistema imunológico, a microbiota humana não apenas protege o hospedeiro de patógenos externos, produzindo substâncias antimicrobianas, mas também atua como um componente significativo no desenvolvimento do sistema imunológico.
O intestino é o maior órgão imunológico do corpo humano. A imunidade da mucosa intestinal é uma das partes mais importantes do sistema imunológico inato, e as células imunes no tecido linfático associado ao intestino (GALT) representam cerca de 70 a 80% do total de células imunologicamente ativas.
A interação entre a microbiota comensal e o desenvolvimento e função do sistema imunológico dos mamíferos inclui múltiplas interações na homeostase e na doença.
Alterações na microbiota intestinal e o aumento da permeabilidade intestinal (Leaky gut- link com artigo) associada, são mecanismo descritos como fatores que predispõem a processos de inflamação crónica que estão na base de muitas doenças crónicas. Link com artigo microbiota-inflamação-doença
Um microbioma equilibrado é necessário para o desenvolvimento e manutenção de um sistema imunológico saudável e interrupções nesse equilíbrio podem ter consequências duradouras para a saúde.
Saúde Mental
A microbiota intestinal desempenha funções no Metabolismo de diversos neurotransmissores que intervêm desde da capacidade de concentração e memoria ao equilíbrio emocional.
Desequilíbrios na microbiota intestinal podem contribuir para alterações neurotransmissores como a Dopamina, Serotonina, Melatonina e GABA afetam o sono, o equilíbrio mental e emocional, predispondo a sintomas de ansiedade e irritabilidade.
Diferentes tipos de bactérias intestinais têm funções importantes na síntese de neurotransmissores: Lactobacillus sp e Bifidobacterium spp podem produzir ácido aminobutírico (GABA); Escherichia sp, Bacillus sp. ou Saccaromyces spp. estão relacionadas com a produção de noradrenalina; Streptococcus sp, Escherichia sp. e Enterococcus spp. estão associados à síntese de serotonina; Bacillus sp. Tem sidoo relacionados com a produção de dopamina.
Saúde Hormonal
A microbioma intestinal tem sido associada a mecanismos de produção e regulação de várias hormonas do corpo humano, como hormonas sexuais, cortisol, insulina e hormonas da tiroide.
A composição da microbiota intestinal tem demonstrado influenciar os níveis de hormonais sexuais.
Não só a microbioma intestinal é influenciada pelas hormonas sexuais, mas também a própria microbiota intestinal influencia os níveis hormonais.
Evidencia cientifica elucida para o facto da microbioma intestinal influenciar, entre outros, os níveis de estrogénio e progesterona.
Dentro do intestino, os níveis de estrogénio são controlados por um grupo de bactérias intestinais chamadas estroboloma.
Na Diabetes tipo 2, a microbiota intestinal tem sido associada ao desenvolvimento da doença. Numerosos estudos confirmaram que a composição da microbiota intestinal é alterada em pacientes com DM2. Os mecanismos moleculares subjacentes da microbiota intestinal que contribuem para o DM2 podem incluir modulação da inflamação, permeabilidade intestinal e metabolismo da glicose. Geralmente, o DM2 está associado a níveis aumentados de moléculas pró-inflamatórias, com potencial relação com alteração da microbiota intestinal e Leaky Gut.