Por: Diana Silva
Tempo de leitura: 4 mins.
Os microrganismos que habitam o nosso intestino afetam a saúde do nosso sistema nervoso e um número crescente de estudos aponta para importância da microbiota intestinal na prevenção de desequilíbrios de humor, ansiedade, sintomas depressivos e distúrbios neurológicos.
Microbioma e Cérebro
A microbiota intestinal emergiu recentemente como um importante contribuinte para a homeostase e disfunção do Sistema Nervoso Central (SNC).
A microbiota intestinal refere-se ao conjunto de mircorganismos que habitam o trato gastrointestinal. Estes microrganismos e os seus metabólitos constituem o microbioma intestinal, com importantes funções na saúde humana.
Existem múltiplas vias diretas e indiretas através das quais a microbiota intestinal pode modular o eixo intestino-cérebro. Elas incluem vias endócrinas (cortisol), imunes (citocinas) e neurais (vago, sistema nervoso entérico e nervos espinhais).
Microbioma e Neurotransmissores
Os neurotransmissores são substâncias que realizam conexões entre dois ou mais neurónios. Eles intervêm em funções como o controle motor, humor, capacidade de memória e aprendizagem, sensação de dor, ansiedade.
Alterações nos neurotransmissores podem levar a desequilíbrios de humor, ansiedade, sintomas depressivos e distúrbios neurológicos.
Diferentes estudos revelam que as bactérias probióticas estão aptas a produzirem substâncias neuro ativas, as quais exercem influência sobre o eixo cérebro-intestino. São vários os neurotransmissores produzidos por espécies comensais da microbiota intestinal: como a serotonina, o GABA, as catecolaminas, a acetilcolina e a histamina. A microbiota pode afetar o sistema neural por meio de metabólitos neuromoduladores.
A relação entre neurotransmissores e diferentes bactérias intestinais está cada vez mais bem descrita. Lactobacillus sp e Bifidobacterium spp têm demostrado produzir ácido aminobutírico (GABA), Streptococcus sp, Escherichia sp. e Enterococcus spp. podem produzir serotonina, Bacillus sp. produz dopamina.
O papel de metabólitos microbianos, como os ácidos gordos de cadeia curta, na saúde do sistema nervoso também está cada vez mais bem documentada na literatura científica.
Há crescentes evidências da relação entre o Microbioma e saúde do sistema nervoso.
Microbioma e Saúde Neurológica
Alterações nos neurotransmissores podem levar a desequilíbrios de humor, ansiedade, sintomas depressivos e distúrbios neurológicos.
Um número crescente de estudos mostra que alterações na microbiota podem levar à neuro inflamação e neurodegeneração, associadas a patologias do sistema nervoso como a doença de Alzheimer, Parkinson e esclerose múltipla.
Dados acumulados sugerem que a microbiota intestinal exerce sua ação, pelo menos em parte, modulando a neuroinflamação. Dada a ligação entre as alterações neuroinflamatórias e a atividade neuronal, é plausível que a microbiota intestinal possa afetar as funções neuronais indiretamente ao impactar a microglia, um elemento-chave na neuroinflamação. De fato, evidências crescentes sugerem que a interação entre a microglia e a disfunção sináptica pode envolver a microbiota, entre outros fatores.
Há fortes evidências que apoiam o papel do microbioma intestinal na patogênese da doença de Alzheimer, incluindo efeitos na disfunção sináptica e na neuroinflamação, que contribuem para o declínio cognitivo.
Estratégias de intervenção precoce baseadas na modulação da microbiota têm sido apontadas como promissoras estratégias terapeuticamente adjuvantes.