Por: Diana Silva
Tempo de leitura: 6 mins.
Estratégias terapêuticas personalizadas podem ajudar a reduzir significativamente os sintomas e controlar a SII.
Conheça melhor a SII, leia o nosso blog post sobre a Síndrome do Intestino Irritável.
Sendo a causa do SII, multifatorial, as estratégias terapêuticas devem abranger o máximo de fatores envolvidos na origem da doença.
Dieta
Tanto os pacientes com SII como especialistas relataram uma forte associação entre o consumo de alimentos específicos e os sintomas relacionados à SII, indicando a necessidade de uma estratégia de tratamento dietético eficaz para o alívio dos sintomas e controle da evolução da doença e suas consequências.
Detetar hipersensibilidades alimentares (alergias alimentares imediatas e tardias)
Pessoas com SII geralmente têm uma ou mais sensibilidades alimentares. A sensibilidade alimentar é uma resposta imunomediada a certos alimentos. Estas levam o sistema imunológico a produzir anticorpos (ou imunoglobulinas) contra o alimento e, ao contrário do que se pode pensar, são muito comuns e afetam 45-75% dos indivíduos.
Glúten, laticínios, milho, soja, nozes, ovos e solanáceas são sensibilidades alimentares comuns. Em pessoas sensíveis, a exposição repetida a esses alimentos inflama o revestimento intestinal, causando permeabilidade intestinal e problemas digestivos, predispondo ao desenvolvimento de SII.
Para detetar as reações imunológicas a alimentos, existem exames próprios para o efeito.
Dieta low FODMAPs
Uma dieta baixa em FODMAPs tem se mostrado eficaz na redução dos sintomas gastrointestinais com uma taxa de resposta entre 50% e 80% entre os pacientes com SII. Além disso, alguns estudos demonstraram que uma dieta com baixo teor de FODMAP, melhora o curso da doença da SII e da doença inflamatória intestinal (DII) com sintomas semelhantes à SII.
FODMAP, é uma classe de hidratos de carbono fermentáveis que não são completamente digeridos ou absorvidos no intestino e que por esse motivo podem ocasionar alterações no processo digestivo.
Oligossacarídeos, Dissacarídeos, Monossacarídeos e Polióis são fermentados pelos microrganismos que habitam o intestino grosso, levando a uma maior produção de gases. Por outro lado, apresentam grande capacidade de atrair água no trato gastrintestinal, através de um efeito osmótico. A combinação de fluido adicional e aumento de gases pela microbiota intestinal pode retardar a digestão, resultando em gases, inchaço, dor ou diarreia.
Modulação intestinal
Modulação intestinal refere-se a um conjunto de intervenções aplicadas ao trato gastrointestinal, com o objetivo principal de reequilibrar a microbiota intestinal.
Estilo de vida, dieta e suplementos específicos estão incluídos nas estratégias de Modulação Intestinal.
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Suplementos
Os suplementos são uma componente importante na terapêutica do SII, contudo a sua utilização deve sempre ser ajustada às necessidades de cada paciente. Pelo que, salientamos a importância do acompanhamento por um profissional na implementação destas mudanças alimentícias estratégicas.
Probióticos, prebióticos e pósbioticos
Os probióticos são microorganismos benéficos (bactérias e leveduras) que são semelhantes aos microorganismos que vivem naturalmente no nosso organismo e apoiam a saúde digestiva geral, de várias formas. Têm sido amplamente estudados como uma opção de tratamento para doenças gastrointestinais e demonstraram ser uma terapia a considerar em pacientes com SII. Contudo, segundo o estudo clínicos recentes, não constituem sempre uma estratégia de primeira linha vantajosa em todos os casos.
Os prebióticos são os componentes dos alimentos que os microorganismos intestinais utilizam para alimentar o microbioma (conjunto de bactérias que residem nos tecidos e fluídos humanos).
Em alguns casos de SII, pode ser benéfico utilizar prebióticos, contudo os não-fermentáveis podem trazer mais vantagem, evitando efeitos fermentativos de algumas fibras prebióticas. A goma acácia e os flavobióticos são prebióticos não-fermentáveis. Os flavobióticos como os compostos fenólicos ou a curcumina têm provas científicas no auxílio da redução da calprotectina fecal (indicador de inflamação intestinal). O Ganoderma lucidum é também considerado um prebiótico, com estudos que relatam efeitos positivos na imunidade da barreira intestinal. Os ácidos gordos ómega 3 têm também ação prebiótica comprovada e efeito modulador da inflamação.
Relativamente aos pósbióticos, existem essencialmente 2 tipos, os MAMPS e os metabólitos microbianos.
Os MAMPS são fragmentos bacterianos e têm ação imunomoduladora, anti-inflamatoria e antimicrobianas, sendo vantajosos numa fase inicial da modulação intestinal na SII.
O butirato é um metabólito microbiano, o ácido gordo de cadeia curta mais conhecido, produzido por bactérias benéficas do intestino. Existe em suplementos de triglicerídeo de butirina e a sua utilização numa primeira fase de tratamento da SII tem demonstrado ser um auxílio no controle inicial da inflamação intestinal.
L- Glutamina
A glutamina é o aminoácido mais abundante no corpo humano e nas células intestinais. É o nutriente primário para as células do revestimento intestinal e ajuda a regular a reprodução celular. Por meio desse mecanismo, a glutamina ajuda a prevenir e reconstruir um intestino permeável.
Existem amplas provas em estudos clínicos que apoiam o uso de L-glutamina como suplemento dietético para ajudar a manter a função da barreira intestinal e fortalecer a mucosa intestinal, reduzir a permeabilidade intestinal e ajudar a tratar a síndrome do intestino permeável.
Enzimas digestivas
Enzimas digestivas podem auxiliar o processo digestivo, ao melhorar a absorção de nutrientes. Contribuem para reduzir as reações a alimentos e servem de tratamento complementar no aumento da permeabilidade intestinal.
Antimicrobianos
Na SII pode haver necessidade de utilizar suplementos com ação antibacteriana e/ ou antifúngica, quando diagnosticada a existência de crescimento anormal de bactérias, fungos ou mesmo parasitas.
De acordo com o tipo disbiose poderão ser selecionados suplementos com princípios ativos de fonte natural apropriados: Berberina, Uva ursina, Grape fruit, Óleo de oregão, Ácido caprílico, entre outros.
Gestão de Stress
Sendo o stress crónico um contribuidor importante para a SII, é fundamental implementar estratégias de redução de stress e estabelecer estratégias que promovam o relaxamento.
Sendo que, fomentar um bom sono também é essencial no tratamento da SII.
A conexão entre stress e a SII é evidente e, devido à sua ligação com o eixo intestino-cérebro, a gestão do stress e das respostas induzidas pelo stress é um aspeto crítico da intervenção terapêutica para pacientes com SII.
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